quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Dancing On The Kitchen Tiles

Estávamos sentados, tomando café. O sol invadia a cozinha pela janela da pia. Não devia passar das oito horas da manhã, os pássaros começavam a cantar suas músicas de bom dia.
De repente falei:
- É tudo sobre você.
Ela me olhou curiosa, não entendendo a princípio.
- Ontem você me perguntou algo que pensei que soubesse.
Notei que duas manchas vermelhas se formaram em suas bochechas antes de abaixar a cabeça encabulada. Aquilo só fez ampliar ainda mais meu sorriso. Como ela podia ficar corada apenas com palavras depois da noite passada?
Arrastei a cadeira para trás e me dirigi ao fogão para pegar mais café fresco. Ao despejar o líquido quente na minha xícara, senti que me abraçavam por trás. Estremeci levemente com aquele contato.
- Você faz minha vida valer a pena. – Sussurrou no meu ouvido causando um arrepio ao longo do meu corpo. - É tudo sobre você também.
Depositou um beijo no meu pescoço, em seguida afastou-se. Virei-me para observá-la melhor. Tinha se sentado de pernas cruzadas, agora passava manteiga calmamente na torrada. Quando levantou a cabeça segundos depois, nossos olhos se encontraram. Acho que nunca me senti tão piegas. Ridiculamente romântico.
Seria capaz de qualquer coisa que ela pedisse, somente para vê-la sorrir. Realizaria todos os seus desejos, e em troca exigiria que nunca me negasse um beijo. Ri de mim mesmo, desde quando era bom com rimas? Que seja, no momento só queria parecer o perfeito gentlemen aos seus olhos.
Subitamente ela se levantou, caminhando na minha direção. Encaixou a torrada entre meus lábios, me forçando a comer. Deixei a xícara na pia, e passei os braços em volta de sua cintura, ainda mastigando. Passei minhas mãos por suas costas protegidas apenas pelo fino tecido da camisola. Encostando a cabeça em meu peito, ela disse aquelas três palavrinhas que causam uma enxame de borboletas no estômago. O frisson dominava a cozinha. Segurei sua mão direita e dei início a uma espécie de valsa, só que mais agitada. Dançando sobre os azulejos da cozinha. Rimos que nem duas crianças ao brincar no parque. E dançamos mais. Com o tempo, a lentidão foi dominando nossa coreografia, juntei nossas testas e repeti em voz alta os pensamentos de alguns minutos antes.
- Só não sei o que faria se algum dia me negasse um beijo. – Terminei. Tive impressão de ver lágrimas, mas rapidamente ela juntou nossas bocas, levantei-a fazendo com que se sentasse na bancada. E então me abraçou forte e tornando a dizer:
- Você faz minha vida valer a pena. Eu te amo.
E então eu te disse com um sorriso:
- É tudo sobre você.